segunda-feira, 9 de março de 2009

Poesia In Concert-Anand Rao e Artur Gomes

Poesia In ConcertVersos e Sons A Arte de ComporAnand Rao e Artur GomesDia 13 de Março 19:30h – Livraria da CondeRua Conde de Bernadotte, 26, Loja 125, Leblon - Rio de Janeiro

Procuro Alguém Para Carregar a Minha Dor

Filmado em Brasília – trilha sonora Esfinge, poema de Artur Gomes, musicado e cantado por Rodrigo Bittencourt.guitarra: Fil Buchttp://www.youtube.com/watch?v=BIybXa-N0pc&feature=channel_page

o amor não é apenas um nome

que anda por sobre a pele

um dia falo letra por letra

no outro calo fome por fome

é que a pele do teu nome

consome a flor da minha pele

Artur Gomes/Rodrigo Bittencourtfulinaíma produções: oficina vídeo poesiahttp://youtube.com/fulinaima

Nietzsche, Poesia e mais considerações por de Anderson Fonseca



.... A Literatura, no entanto, só começa perante o indizível, face á percepção de um algures estranho à própria linguagem que o procura. É esta dúvida criadora, esta morte fecunda, que a nossa sociedade condena na sua boa Literatura, e que ela exorciza na má. Proclamar alto e bom som que o Romance deve ser romance, a Poesia poesia, e o Teatro teatro, é instaurar uma tautologia estéril, semelhante à das leis denominativas que regem, no Código Civil, a propriedade dos Bens: tudo concorre para a grande obra burguesa que consiste em reduzir enfim o ser a um ter, o objeto a uma coisa. Roland Barthes...

...Poeta egoísta, faz do ego seu poema, quantas palavras vazias, aprende com os Poetas que o ego é um sofisma, aprenda a ouvir o som do mundo, aprenda a ser o outro, esqueça quantos eus há na sua alma, entenda o propósito do Verbo: deixar-de-ser para o outro ser. Ah! Já não basta o Romantismo? Eis o que anúncio: A poesia impessoal, sem nome, sem rosto, apenas a palavra dentro da palavra incapaz de falar palavra, centro e circunferência no tempo! Aqui está o sentimento que Eliot descreveu como “o que realiza o gênio da linguagem” *; pois o gênio não está no que sabe usar a linguagem, mas naquele que se torna o mais alto grau da linguagem.... ler todo Artigo aqui






naus e a Poesia - 14 de março

naus e a Poesia

* Virgínia além mar

Navegar é preciso disse o Poeta
e ele o fez através de sua Obra
Poesia navega e nos chega ao ouvido
através das ondas do mar
no som secreto das conchas
no sussuro da brisa
chega além mar ...

quem foi que não tenha se iniciado
na poética pessoana ou por Camões ?
talvez por Bandeira
ou pelas canções do Chico ...


ou nos primeiros anos
nosbancos escolares por
pela pena triunfante de
Castro Alves em seu Navio Negreiro ...




não foi arrebatado ?


ouvido atento é preciso, digo
auscultar o futuro e passado num presente
intenso e eterno,
em ritmo das palpitações próprias
alteralidade também é fundamental

meu barco me tem, teu traço na areia
nas tranças dos cipós
nas lápides dos olhares de sereias
em naus estelares a imaginação se atém

serenar é preciso quando as ondas
e tempestades da mente sobrepujam versos
e as crisálidas se rompem antecipadamente
a flor encrespa ao sol do meio dia
então na rede, na esteira, na almofada
deita o Poeta e sonha,

a pena sonâmbula faz birra e parte aos tropeços
acorda a vila, agita o peito e a mão treme e um
Poema se faz no vazio da hora sagrada
serena ...

E, da nau (poeta) em chamas
nasce a ave chamada Poesia !



Publicado no Recanto das Letras em 09/03/2009Código do texto: T1476829
salve 14 de março dia Internacional da Poesia
nascimento do nosso grande
Poeta Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871)

Gentileza Gera Gentileza - Marcio José







Gentileza gera Gentileza

por - Marcio José - Filósofo Clínico -abril 2005
“Este é o profeta Gentileza que gera gentileza, amor, mostra a maldade da humanidade”


Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Gentileza gera Gentileza.


Uma simples frase de difícil aplicação. Tanto quanto as que dizem: oferecer a outra face ou perdoar o irmão... afinal, o outro é meu inferno, já apregoava Sartre...
Na verdade, estava escrevendo um artigo sobre a memória da Filosofia Clínica, catando pedacinhos de historicidade gravadas em papel, mesclando/brincando com algumas pitadas de Bergson, quando, subitamente, fui atropelado por Gentileza. O mesmo Gentileza cantado por Gonzaguinha e Marisa Monte.
Quem hoje chega ao Rio de Janeiro, pela Avenida Brasil, passando pelo Viaduto do Caju até chegar à rodoviária, pode ter uma grata surpresa, entre as poluições, sonoras, químicas e visuais. Escrita à altura de quem anda de ônibus, estão lá, são 55 páginas-pilares, um livro urbano aberto, descortinado, ao alcance de todos.


Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca


Em 1997, a Companhia de Limpeza Urbana, em plena crise de identidade, sem saber distinguir o que é sujeira do que não é, jogou cal sobre as escrituras. Queria “limpar” a área. Graças ao empenho do professor Leonardo Guelman, que coordenou um trabalho de recuperação, denominado Projeto Rio com Gentileza, contando com a participação da Universidade Federal Fluminense, Secretaria de Cultura do Rio mais o Consórcio Novo Rio. Durante os anos de 1999 e 2000 foi restaurado o que é considerado o maior mural espontâneo do Rio. Esse movimento gerou dois CDs, em 1997, o “Univverrso Gentileza” e, em 2000, “Brasil: Tempo de Gentileza”.


Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza


José Datrino, nasceu em Cafelândia, estado de São Paulo, aos vinte anos mudou-se para a cidade de Mirandópolis,no Rio de Janeiro. Chegou a ser proprietário de uma empresa de transporte de carga, possuía alguns terrenos, três caminhões. Quando, em 1961, abandonou tudo após um grande incêndio em Niterói/RJ, que destruiu o Grã Circus Norte-Americano, ceifando centenas de vida, em sua maior parte de crianças. Seis dias após essa tragédia, esse pequeno empresário, sentiu-se chamado por vozes astrais a abandonar seus bens materiais e dedicar-se ao mundo espiritual Neste momento nascia o Profeta Jozze Agradecido, ou como ficou mais conhecido, Profeta Gentileza. Plantou flores e horta sobre as cinzas do circo. Alimentos da alma e do corpo. E ficou por quatro anos no local consolando os familiares dos que ali morreram.
Reza a lenda que ele adaptou um caminhão seu com dois tonéis cheios de vinho e passou a distribuir a bebida em pequenos copos plásticos, dizendo “Quem quiser tomar vinho não precisa pagar nada, é só pedir por gentileza, é só dizer agradecido.” Começava assim sua peregrinação que durou trinta e cinco anos.
Chegou a ser internado algumas vezes em instituições psiquiátricas, afinal não é “normal” ser gentil. E quando lhe ofereciam dinheiro ele, gentilmente falava: “Eu não aceito dinheiro de ninguém.” E completava: “Muitos puxam o dinheiro para me dar, eu não aceito. ‘ Eu não quero seu dinheiro, meu filho, quero muito mais: quero seu espírito para Deus’. Se eu receber dinheiro, estou vendendo uma coisa que não comprei. Se eu recebi uma graça de Deus, eu tenho que entregar de graça.”


Por isso eu pergunto
A você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria


Na década de setenta andou pelas ruas do Rio de Janeiro, na Central, Cinelândia, no Largo Carioca, nas barcas Rio-Niterói, nas cidades da Baixada Fluminense e mais tarde por outras cidades do Brasil, pregando. Sempre carregando seu estandarte rodeado de flores, inserindo-se na galeria de tipos urbanos, alguns achavam que ele era um profeta, outros que era um maluco, a quem respondia: “sou maluco para te amar e louco para te salvar”.
Nos anos oitenta inicia as suas inscrições nos pilares do viaduto do Caju, trabalho que irá perdurar até 1991. Nas páginas de concreto escreveu: “Agora o capeta do homem, que é o capitalismo, é que vende tudo, destrói tudo, destruindo a própria humanidade”. Durante a ECO-92, Gentileza se posicionava estrategicamente por onde passavam os dirigentes de outras nações e representantes do povo, chamando-os a viverem em Gentileza e a aplicarem em toda a Terra.


Como nos lembra Leonardo Boff, resgatando a figura do Profeta: “não bastam os patronos [do Rio de Janeiro] que temos, São Sebastião e São Jorge. Eles ainda usam símbolos de violência, a flecha no corpo e a lança contra o dragão. Precisamos de um símbolo puro como o Profeta Gentileza.”


O mundo é uma escola
A vida é um circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o poeta.


Profeta Gentileza, em suas palavras e gestos, ensinava que todos nós devíamos falar “por gentileza” em vez de “por favor”, “agradecido” em vez de “obrigado”, pois ninguém deve favor a ninguém e ninguém é obrigado a nada nessa vida. Gentileza morreu em 1996, aos 79 anos, na cidade de Mirandópolis, em São Paulo.


Essa parte se encerra com um convite a um sorriso, a um cumprimento... Isso pode não mudar o mundo mas torna a vida do semelhante (e a sua) um pouco mais suave, o que já seria um grande motivo. Ou não? Afinal, “gentileza gera amor e paz”.

TUDO A VER I


GENTILEZA (Gonzaguinha)
Feito louco
Pelas ruas
Com sua fé
Gentileza, o profeta
E as palavras
Calmamente semeando
O amor à vida
Aos humanos, bichos, matas
Terra, Terra, nossa mãe

TUDO A VER II


Traduzindo, da singular escrita gentileza, para nossa singular língua, algumas das frases-pilares
“Toda bondade que vai crescer no mundo vai ser por intermédio do Rio de Janeiro, no Brasil, porque o profeta Gentileza é brasileiro.”
“Nunca sou pobre, nunca estou doente, nunca sou velho, nunca morro.”
“O dinheiro destrói a mente da humanidade. O dinheiro coloca a humanidade surda. O dinheiro destrói o amor. O dinheiro cega. O dinheiro mata.”
“Por que Deus é Gentileza? Porque é Beleza, Perfeição, Bondade, Riqueza, a Natureza, Nosso Pai Criador.”
“Cuidado cabecinha da humanidade, cuidado lingüinha. Lá no cemitério tinha uma caveira, alguém foi no cemitério e perguntou: - Caveira, quem te matou, caveira? A caveira respondeu: - A língua ferina, é verdade!”
“O padre ta esmolando, o pastor ta pastando e o papa ta papando, papão”
“Quem não veio para servir, não serve para viver, deve desaparecer.”
“A pessoa espiritualizada nunca morre, morre o nosso corpo, morre a matéria, o espírito não!”
“Cigarro é chaminé do capeta”
“Calça não é pra mulher não”
“Peito aberto o diabo ta perto”
“Eu pergunto a vocês: no mundo meus filhos, que é mais inteligente o livro ou a sabedoria? Não é a sabedoria? Então, eu sou a sabedoria, nós somos a sabedoria de Deus”.


TUDO A VER III




Em sua mão carregava um estandarte
“As flores é porque eu sou o jardim ambulante”
“Vocês são a flor do meu jardim”
“Agora o catavento é para refrescar a mente da humanidade”
“A bandeira, a nossa bandeira brasileira é a mais linda do universo. O verde é dos verdes campos, vida. O amarelo é a beleza, a natureza. O branco e á a paz, a pureza, a liberdade e o azul é o azul do céu. Logo, nossa bandeira é a bandeira mais linda do universo, porque traz a cor do universo.”

TUDO A VER IV


Sobre sua forma de escrever, explicava:
“Enquanto o amor material se escreve com um R, o amorrr universal se escreve com três. Um R do Pai, um R do Filho e um R do Espírito Santo - Amorrr”
O Univervvverrsso é a criação conjunta de F/P/E (Pai, Filho, Espírito Santo) em VVV e duplamente participação em RR e SS”


artigo de abril 2005 -Márcio José Andrade da Silva -INSTITUTO PACKTER – RS
Centro de Filosofia Clínica – Campinas/SP –
CEFIB – Centro de Filosofia Brasileira – UFRJ
CEUCLAR – Centro Universitário Claretiano – Campinas/SP-
E Mail -marciojosefc@terra.com.br