sábado, 14 de março de 2009

Ode à Poesia - Pablo Neruda


Ode à Poesia- Pablo Neruda

Perto de cinqüenta anos
caminhando contigo, Poesia.
A princípio me emaranhavas os pés e eu caía de bruços
sobre a terra escura ou enterrava os olhos na poça
para ver as estrelas.

Mais tarde te apertaste a mim com os dois braços da amante
e subiste pelo meu sangue como uma trepadeira.
E logo te transformaste em taça.
Maravilhoso foi ir derramando-te sem que te consumisses,
ir entregando tua água inesgotável, ir vendo que uma gota
caia sobre um coração queimado que de suas cinzas revivia.

Mas ainda não me bastou.
Andei tanto contigo que te perdi o respeito.
Deixei de ver-te como náiade vaporosa,
te pus a trabalhar de lavadeira, a vender pão nas padarias,
a tecer com as simples tecedoras, a malhar ferros na metalurgia.

E seguiste comigo andando pelo mundo, contudo já não eras
a florida estátua de minha infância.
Falavas agora com voz de ferro.
Tuas mãos foram duras como pedras.
Teu coração foi um abundante manancial de sinos,
produziste pão a mãos cheias,me ajudastea não cair de bruços,
me deste companhia,não uma mulher,não um homem,mas milhares, milhões.
Juntos,Poesia,fomos ao combate, à greve, ao desfile, aos portos,
à mina e me ri quando saíste com a fronte tisnada de carvão
ou coroada de serragem cheirosa das serrarias.
Já não dormíamos nos caminhos. Esperavam-nos grupos
de operários com camisas recém-lavadas e bandeiras rubras.
E tu, Poesia, antes tão desventuradamente tímida,
fostena frente e todos se acostumaram ao teu traje
de estrela cotidiana,porque mesmo se algum relâmpago
delatou tua família, cumpriste tua tarefa,
teu passo entre os passos dos homens.
Eu te pedi que fosses utilitária e útil,como metal ou farinha,
disposta a ser arada,ferramenta,pão e vinho,
disposta, Poesia,a lutar corpo-a-corpo e cair ensangüentada.

E agora,Poesia, obrigado, esposa,irmã ou mãeou noiva,
obrigado, onda marinha,jasmim e bandeira,motor de música,
longa pétala de ouro,campana submarina,celeiro inextinguível,

obrigado terra de cada um de meus dias,vapor celeste e sangue
de meus anos, porque me acompanhaste desde a mais diáfana altura
até a simples mesa dos pobres,porque puseste em minha alma
sabor ferruginoso e fogo frio,porque me levantaste
até a altura insigne dos homens comuns,
Poesia,porque contigo,enquanto me fui gastando,tu continuaste
desabrochando tua frescura firme,teu ímpeto cristalino,
como se o tempo que pouco a pouco me converte em terra
fosse deixar correndo eternamente
as águas de meu canto.

Sinto a Poesia- Vânia Moreira Diniz


14 de Março: Dia Nacional da Poesia

Sinto a poesia,
Na ternura de mãos entrelaçadas,
No olhar a me falar de sentimento,
Amores Realizados

Sinto a poesia
No olhar apaixonado e faiscante,
Segredo longamente revelado,
Ansiedade desse instante.

Sinto a poesia,
No gorjeio harmonioso dos pássaros,
A sobrevoarem nossos sonhos,
Riqueza de méritos.

Sinto a poesia,
Em cada pensamento de saudade,
Enclausurado no peito em opressão,
A me privar da liberdade.

Sinto a poesia,
No equilíbrio perfeito da natureza,
Transformada na sábia energia,
A se dividir em mil formas de beleza.

Sinto a poesia,
No restabelecimento da justiça,
No entendimento do sofrimento,
Em todas as formas de acolhida.

Sinto a poesia,
Quando penso no apoio aos excluídos,
No carinho dirigido aos que necessitam,
E na ausência total dos preconceitos.

Sinto a poesia,
No sorriso de cada inocente criança,
A crescer e consolidar os conceitos,
Na esperança da verdade que avança.

Sinto a poesia,
Nas estrelas a me contarem segredos,
Na lua clareando de dourado o planeta,
E a proteger eternamente os namorados.

Sinto a poesia,
Na generosidade, compreensão e na paixão,
No beijo de nossos lábios que se unem,
E na minha mais desvairada emoção.
Vânia Moreira Diniz
http://www.vaniadiniz.pro.br/

O Carteiro e o Poeta ...

Ogni animale ha la sua voce, ogni creatura ha la sua voce.L'albero ha la sua voce, il fuoco ha la sua voce, tutto ha la sua voce.E quello ci fa intuire che ogni esistente ha la sua voce.Gli uomini sono miliardi e ognuno ha la sua voce.Questo ci fa capire che ogni esistente non è fatto soltanto della sua natura.Ogni esistente è fatto di due elementi. Ciò che è, ed è una singolarità.L'acqua è l'acqua, il monte è il monte, il sole è il sole, la foglia è foglia, l'uomo è l'uomo: una singolarità.Ma non basta. L'esistente è fatto anche di una voce. E la voce è anche una singolarità.La voce di ognuno è singolare, singolarità. L'acqua ha una voce sua particolare.Il fuoco ha una voce sua particolare. Il vento ha una voce sua particolare. Ogni animale ha una sua voce particolare.Ogni uomo ha una sua voce particolare.Ogni esistente è fatto di una propria singolarità e di una voce, singolare anche questa.La voce è la significazione di un essere, ma una significazione universale su tutto ciò che non è quell'essere.Quindi abbiamo l'essere in sé e abbiamo la voce che è annuncio dell'essere, su tutto ciò che non è quell'essere.Per cui arriva dappertutto. A migliaia di kilometri di distanza.Quindi si tratta solo di avere l'apparecchio necessario per captarla.Ma la voce arriva dappertutto. La voce è una pista.Chi ha interesse e soprattutto chi ha associato un esistente con la sua voce ha la possibilità di passare dalla voce fino alla sorgente, alla fonte, al principio di quella voce

POETAS- Florbela - Michèle & além


Poetas- Florbela Espanca

Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!
(F. Espanca,do livro Trocando olhares )




* virgínia além mar ,Belo é dizer mesmo duas vezes o que é necessário.
-Empédocles-Sobre a Natureza)


Poeta-Letícia Thompson

Ser poeta é ter a capacidade de medir a alma humana, não em grandeza, mas em profundidade. É ter a facilidade de dizer em poesia o que muitos sentem, mas não sabem exprimir. É viver um pouquinho da vida de cada um, dos sonhos de cada um, das felicidades e infelicidades de cada um.
Um poeta é um ser múltiplo, mas solitário muitas vezes. É um ser só repleto de sonhos, dele e dos outros. Um poeta dói sempre em si mesmo. Ele se desnuda, quando nem todos sabem compreender a sua nudez e ele se entrega quando nem todos estão preparados para recebê-lo.
Um poeta inventa palavras, reinventa a vida. Cria sonhos que nem sempre vive.
Quando ele ama, ama intensamente; quando sofre, sofre como ninguém. Ele não conhece mais a vida que outras pessoas, mas talvez caminhe um pouquinho à frente nas adivinhações das probabilidades dos sonhos, das possíveis dores e lágrimas. E nem por isso pára no meio do caminho... ele avança, vivendo por ele, vivendo pelos outros, com todos os riscos que isso pode acarretar.
Um poeta é uma alma à parte. Não melhor, nem pior. À parte, apenas. Ele é a corôa de si mesmo, de glórias, mas também de espinhos. Ele sangra voluntariamente se a razão é o amor.
Um poeta é uma multidão em um único ser.

Letícia Thompson
contact@leticiathompson.net