quarta-feira, 28 de abril de 2010

A filosofia do ser e a filosofia do extra-ser – Platão, Aristóteles e os Estoicos

Aula de 19/05/1994 – A filosofia do ser e a filosofia do extra-ser – Platão, Aristóteles e os estoicos

Cl: A vida organiza, é centro. Ela centrifica! Todo ser vivo ele vê. Vê é uma palavra falsa, ele percebe. Pode perceber acusticamente, sonoramente, seja lá como for, ele percebe essas imagens segundo ele.


Agora, uma vez acabada a vida, o que acontece? O caos retorna!
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Um pintor austríaco, chamado Paul Klee, se coloca como um artista que ao invés de centrar a sua visão do mundo em cima da sua percepção ele quer apreender o mundo segundo o que ele chama de PONTO GRIS. (Marquem esse nome).

Ponto gris é um nome meio português meio espanhol meio francês… Como o Paul Klee é austríaco, seria diferente.

Ponto gris. É como se ele apreendesse o caos. Ou seja, pra ele o artista não apreende (vou usar a Cacau) uma matéria formalizada. Porque a percepção só apreende matéria formalizada, só apreende imagens formalizadas. O Paul Klee apreenderia o que ele está chamando de ponto gris. O ponto gris é uma matéria caótica.
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http://claudioulpiano.org.br.s87743.gridserver.com/?p=2450


sábado, 24 de abril de 2010

Inabilidade

       
* virgínia além mar

Ai que minha memória falha
Tomo gincobiloba e faço meditação
Sonetar exige mais que coração
E, se o mestre à minha rima ralha?


Um sábado foi preciso a calha
Um punhado de sol e contemplação
Mais que um amor, malhação
Contudo sei excesso atrapalha...

Razão e emoção conjugados
Pitadas de sonho e lembranças
Ofício de Poeta nos quer acordados

De Soneto não sou professor
Com errâncias construo sentenças
Faço do exercício e mau jeito meu confessor


ilustração fonte internet

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Adágio de outono

Adagio de outono -

virgínia além mar in EBook Apologias de um Viajante pag 17 e 18

em Si acolhe um término
em Lá um recomeço

em Fá algo por fazer

em Sol a esperança ainda em botão

em Dó as despedias...

em Ré a lembrança necessária
e
um desejo em Mi que não cala
rever o desabrochar das primaveras

quarta-feira, 21 de abril de 2010

< ESPANTO >

"A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É esta a emoção fundamental que está na raiz de toda ciência e arte. O homem que desconhece esse encanto, incapaz de sentir admiração e estupefação, esse já está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos".

um dos motivos mais poderosos que conduziram o homem em direção a arte e a ciência foi o de escapar do quotidiano”

Há momentos em que se sente liberado de seus próprios limites e imperfeições humanas. Nesses instantes a gente se sente num pequeno canto de um pequeno planeta com o olhar fixo e maravilhado na beleza fria mas contudo profunda e emocionante do que é eterno e incompreensível.
A vida e a morte se fundem e não há nem evolução ou destino,
apenas o SER “ Albert Einstein
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FÍSICOS BUSCAM A “TEORIA DO CAMPO UNIFICADO” ...Até sua morte em 1955, Einstein procurou por uma formulação geométrica que não só explicasse os fenômenos eletromagnéticos, mas também os unificasse com a gravitação. Uma teoria unificada da gravitação e do eletromagnetismo trata fenômenos gravitacionais e eletromagnéticos como manifestação de uma única força, ou mais precisamente, de um único campo, o campo unificado. A cada força está associado um campo. Se colocarmos um prego perto de um ímã, sentimos a presença do campo magnético criado. Campo é uma manifestação espacial da presença de uma certa fonte.
                                              26/10/1997  Marcelo Gleiser
A idéia de unificação é fundamental em física. O poder ou eficácia de uma teoria pode ser medido pela quantidade de fenômenos diversos que ela pode explicar. Newton unificou a física dos fenômenos gravitacionais celestes com a dos fenômenos gravitacionais terrestres. No século 19, Faraday, Maxwell e outros mostraram que fenômenos elétricos e magnéticos podem ser descritos conjuntamente pelo campo eletromagnético.

Apesar de Einstein ter falhado em sua missão, sua influência permanece viva até hoje. A idéia de unificação de forças é uma das mais populares entre físicos teóricos do mundo inteiro. Ao eletromagnetismo e à gravitação são adicionadas duas outras forças, que se manifestam apenas a distâncias subatômicas, que são as forças nucleares forte e fraca.

As quatro forças descrevem, em princípio, todos os fenômenos observados, desde escalas microscópicas às macroscópicas. Portanto, a "Teoria de Tudo" unificaria as quatro forças fundamentais em apenas uma, a força unificada. Essa unificação se manifesta apenas a energias extremamente altas, muito mais altas do que nós podemos testar nos laboratórios atuais. Por trás da realidade física, apenas visível a energias altíssimas, existe uma outra realidade, em que tudo é manifestação de um campo unificado. Em sua intimidade, a natureza é extremamente simples.

A idéia de unificação das quatro forças fundamentais não é absurda nem influenciada por tendências monoteístas, como pode parecer. Já conseguimos unificar as forças eletromagnética e fraca, conforme comprovado experimentalmente em 1983 por Carlo Rubia e seu time em Genebra, baseados em previsões teóricas de S. Glashow, A. Salam e S. Weinberg. A energias cerca de mil vezes maiores que as nucleares, as forças eletromagnética e fraca se manifestam como uma única força, a eletrofraca. O próximo passo é incluir a força nuclear forte e, eventualmente, a gravitação nessa unificação. Talvez a visão de Einstein não tenha sido apenas uma fantasia.
TEXTO PARCIAL - do texto: Especial para a Folha Editoria: MAIS! Página: 5-16 10/13039-Edição: Nacional Oct 26, 1997-Seção: CIÊNCOA; FUTURO; MICRO/MACRO-Observações: PÉ BIOGRÁFICO

quinta-feira, 8 de abril de 2010

CAMINHAR - Amauri Ferreira

por Amauri Ferreira

Caminhar é um ato solitário. O caminhante tem sede por exploração. Durante o seu percurso em terras desconhecidas, ele é acompanhado por sensações que lhe fazem cantar, interiormente, músicas imaginadas e inventadas, e que são cada vez mais intensas quando o seu corpo exprime um novo ritmo alcançado. Ele percebe que durante a experiência de caminhar sem um rumo definido, a sua memória é convocada para dançar junto com o seu corpo. Não, a solidão do caminhante não é uma covardia, como provavelmente muitos podem imaginar. Trata-se, na verdade, de uma permissão para que a sua solidão seja povoada por imagens, ritmos, afetos, memórias e percepções, que parecem exalar de alguém que, gradualmente, abandona uma desarmonia de movimentos que condicionavam o seu corpo para, somente assim, conquistar a liberdade de criar novos movimentos. Podemos dizer que o caminhante é inevitavelmente um amante do conhecimento. Em razão disso, ele recorre à escrita para expressar os seus pensamentos que já nasceram caminhando. Afinal de contas, o caminhante-escritor sabe que o sentido mais elevado da escrita é o de mudar a vida de quem lê os seus escritos. E, além disso, ele também sabe que a leitura, por ser um ato solitário, necessita de uma escrita honesta, isto é, uma escrita que ajude o leitor a amar a sua própria solidão.


Colaboradores Canal Filosofia Espaço Ecos Portal VMD





segunda-feira, 5 de abril de 2010

Algumas notas - & A cidade e o Jardim -ELIAS FAJARDO

Algumas notas sobre redes, teias e o pensamento ecológico

ELIAS FAJARDO - Jornalista, escritor e artista plástico

Comunicação é o ato de transmitir e receber mensagens por meio de linguagem falada, escrita, de signos ou símbolos. Quando alguém se comunica, emite uma mensagem que outro alguém recebe. Isto cria uma conexão entre os dois, cria uma relação, que pode até ter mão dupla: ora um emite, o outro recebe e vice-versa. A comunicação pressupõe uma relação. Falamos para ser escutados, o que dizemos adquire sentido ao ser escutado. Escutar não é, pois, um ato passivo. Segundo o biólogo chileno Humberto Maturana, "o dizer não assegura o escutar. O fenômeno da comunicação entre seres humanos não depende daquilo que é transmitido, mas daquilo que acontece com a pessoa que recebe o que está sendo transmitido".

O ato de escutar se fundamenta no ato de ouvir. Mas, além de ouvir, no ato de escutar está presente um mundo de interpretações que dão sentido ao que é ouvido. Não existe escutar sem interpretar e é isto que faz do escutar um fenômeno ativo. E há uma relação entre tudo isto e a Teoria de Gaia. A teoria de Gaia, desenvolvida por James Lovellock e Lynn Margulis na década de 70, diz, entre outras coisas, que o universo é todo feito de interconexões, que todos os fenômenos estão ligados, que pertencemos a uma grande rede de conexões que forma a Terra, a Grande Mãe. A Terra é um ser orgânico, um organismo vivo, onde tudo depende de tudo, tudo está em constante ligação e troca. O moderno pensamento ecológico afirma a interdependência fundamental de todos os fenômenos.

Quando você destrói uma forma de vida, está acabando com as conexões entre esta forma e outras formas, está empobrecendo o universo. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos não como os senhores do universo, mas apenas como um fio muito particular na grande teia da vida. A rede "a teia tecida pelas aranhas, para dar um exemplo da natureza, ou a rede de pescar que os seres humanos inventaram " é, pois, a metáfora central da ecologia. A organização em redes seria assim a estrutura básica de cada sistema do universo. Desde uma simples célula até as complexas estruturas sociais, todas as redes obedecem à mesma lógica. Na grande rede universal não há uma hierarquia, pois nada é superior a nada.

Na natureza não há acima ou abaixo, na frente ou atrás. Há somente redes aninhadas dentro de outras redes menores. Tudo está ao mesmo tempo e se liga ao mesmo tempo com tudo. Isto é chamado também de pensamento ecológico, ou pensamento holístico. Não há mais uma dicotomia entre substância e forma, entre forma e fundo. Tudo é integrado, tudo é ao mesmo tempo. Tudo se relaciona com tudo. Tudo está organizado em sistemas cujas propriedades surgem das relações entre as partes. E o todo é mais do que a mera soma das partes, por causa das relações organizadoras que existem entre todas as coisas.

Para sobreviver, cada sistema vivo está em constante aprendizado, exposto a constantes fluxos de energia e matéria que afetam sua estrutura e seu ponto de estabilidade. Às vezes acontecem mudanças de tal ordem nos sistemas que causam rupturas, uma rearrumação geral, e em seguida se instaura espontaneamente uma nova ordem. Esta capacidade de se rearrumar que os sistemas possuem é que faz com que eles estejam vivos. Weiner Heinsenberg, um dos fundadores da teoria quântica, afirma: "O mundo aparece como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se alternam ou se sobrepõem ou se combinam e, por meio disso, determinam a textura do todo. "

Heisenberg dizia também que esta mudança de enfoque que deixa de lado as partes para se preocupar com o todo é o aspecto central de uma revolução conceitual em toda a ciência moderna. Nós também somos parte da grande rede, do grande sistema do universo.

Segundo Norbert Wiener, um engenheiro que inventou a palavra cibernética, "somos apenas redemoinhos num rio de águas em fluxo incessante". Sobre comunicação já falamos um pouco. Agora vamos ao conhecimento. O conhecimento é mais do que informação, vai além dela. Em filosofia, o conhecimento acontece quando o pensamento se "apropria" do objeto, não no sentido de se apossar, mas no sentido de ter dele uma percepção clara, uma apreensão mais profunda.

Quando alguém conhece um objeto pode não só identificá-lo mas também refletir sobre ele. Segundo Ruben Bauer, o conhecimento é um recurso ilimitado, que aumenta com o uso. Se exponho a alguém o meu Conhecimento, não o perco; e esse alguém, ao combinar seu conhecimento prévio com aquilo que apreende a partir do que eu digo, chega a novas descobertas, o conhecimento se expande.

Buckminster Fuller, o grande propagador do conceito de sinergia, diz que o atual problema do esgotamento dos recursos naturais do Planeta encontra uma resposta na inesgotabilidade da criatividade e da inteligência humanas. Pode-se contrabalançar o esgotamento dos recursos naturais através de formas criativas de uso do próprio conhecimento, que façam com que se consuma o mínimo de recursos e se obtenha disto o máximo de resultados.


Ainda segundo Humberto Maturana, o verdadeiro conhecimento não leva ao controle ou à tentativa de controle, mas leva ao entendimento, à compreensão, e isto leva a uma ação harmônica e ajustada aos outros e ao meio. (obs:grifo meu) Para Maturama, conhecer é viver, viver é conhecer.


Ele afirma: "todo conhecer é uma ação efetiva que permite a um ser vivo continuar sua existência no mundo que ele mesmo traz à tona ao conhecê-lo."

Elias Fajardo: A cidade e o jardim - no link -
http://www.youtube.com/watch?v=2AeImAEiOjs
Uma entrevista com o jornalista, escritor e artista plástico por ocasião do lançamento de sua exposição no Jardim Botãnico

sábado, 3 de abril de 2010

Ale luia


A l e luia

* virgínia além mar


vento seca as lágrimas das sarjetas
pouco fria é a noite de outono
o piar da coruja afasta som das beretas
a chuva da tarde devolveu ritmo ao dono

não há samba na vizinhança nem marretas
uma calma assola e embala o sono
as mãos de anjos entregues estão as caretas
sábado santo de aleluia é plano

madrugada alta acorda luar
o piar da coruja cessou
ouve-se ao longe canção de ninar

pirilampo dançou
uma estrela apareceu
e um cristão ajoelhou-se e rezou ...