quarta-feira, 28 de abril de 2010
A filosofia do ser e a filosofia do extra-ser – Platão, Aristóteles e os Estoicos
Cl: A vida organiza, é centro. Ela centrifica! Todo ser vivo ele vê. Vê é uma palavra falsa, ele percebe. Pode perceber acusticamente, sonoramente, seja lá como for, ele percebe essas imagens segundo ele.
Agora, uma vez acabada a vida, o que acontece? O caos retorna!
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Um pintor austríaco, chamado Paul Klee, se coloca como um artista que ao invés de centrar a sua visão do mundo em cima da sua percepção ele quer apreender o mundo segundo o que ele chama de PONTO GRIS. (Marquem esse nome).
Ponto gris é um nome meio português meio espanhol meio francês… Como o Paul Klee é austríaco, seria diferente.
Ponto gris. É como se ele apreendesse o caos. Ou seja, pra ele o artista não apreende (vou usar a Cacau) uma matéria formalizada. Porque a percepção só apreende matéria formalizada, só apreende imagens formalizadas. O Paul Klee apreenderia o que ele está chamando de ponto gris. O ponto gris é uma matéria caótica.
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http://claudioulpiano.org.br.s87743.gridserver.com/?p=2450
sábado, 24 de abril de 2010
Inabilidade
* virgínia além mar
Ai que minha memória falha
Tomo gincobiloba e faço meditação
Sonetar exige mais que coração
E, se o mestre à minha rima ralha?
Um sábado foi preciso a calha
Um punhado de sol e contemplação
Mais que um amor, malhação
Contudo sei excesso atrapalha...
Razão e emoção conjugados
Pitadas de sonho e lembranças
Ofício de Poeta nos quer acordados
De Soneto não sou professor
Com errâncias construo sentenças
Faço do exercício e mau jeito meu confessor
ilustração fonte internet
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Adágio de outono
em Fá algo por fazer
em Sol a esperança ainda em botão
em Dó as despedias...
em Ré a lembrança necessária
rever o desabrochar das primaveras
quarta-feira, 21 de abril de 2010
< ESPANTO >
sexta-feira, 9 de abril de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
CAMINHAR - Amauri Ferreira
Caminhar é um ato solitário. O caminhante tem sede por exploração. Durante o seu percurso em terras desconhecidas, ele é acompanhado por sensações que lhe fazem cantar, interiormente, músicas imaginadas e inventadas, e que são cada vez mais intensas quando o seu corpo exprime um novo ritmo alcançado. Ele percebe que durante a experiência de caminhar sem um rumo definido, a sua memória é convocada para dançar junto com o seu corpo. Não, a solidão do caminhante não é uma covardia, como provavelmente muitos podem imaginar. Trata-se, na verdade, de uma permissão para que a sua solidão seja povoada por imagens, ritmos, afetos, memórias e percepções, que parecem exalar de alguém que, gradualmente, abandona uma desarmonia de movimentos que condicionavam o seu corpo para, somente assim, conquistar a liberdade de criar novos movimentos. Podemos dizer que o caminhante é inevitavelmente um amante do conhecimento. Em razão disso, ele recorre à escrita para expressar os seus pensamentos que já nasceram caminhando. Afinal de contas, o caminhante-escritor sabe que o sentido mais elevado da escrita é o de mudar a vida de quem lê os seus escritos. E, além disso, ele também sabe que a leitura, por ser um ato solitário, necessita de uma escrita honesta, isto é, uma escrita que ajude o leitor a amar a sua própria solidão.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Algumas notas - & A cidade e o Jardim -ELIAS FAJARDO
Algumas notas sobre redes, teias e o pensamento ecológico
ELIAS FAJARDO - Jornalista, escritor e artista plástico
Comunicação é o ato de transmitir e receber mensagens por meio de linguagem falada, escrita, de signos ou símbolos. Quando alguém se comunica, emite uma mensagem que outro alguém recebe. Isto cria uma conexão entre os dois, cria uma relação, que pode até ter mão dupla: ora um emite, o outro recebe e vice-versa. A comunicação pressupõe uma relação. Falamos para ser escutados, o que dizemos adquire sentido ao ser escutado. Escutar não é, pois, um ato passivo. Segundo o biólogo chileno Humberto Maturana, "o dizer não assegura o escutar. O fenômeno da comunicação entre seres humanos não depende daquilo que é transmitido, mas daquilo que acontece com a pessoa que recebe o que está sendo transmitido".
O ato de escutar se fundamenta no ato de ouvir. Mas, além de ouvir, no ato de escutar está presente um mundo de interpretações que dão sentido ao que é ouvido. Não existe escutar sem interpretar e é isto que faz do escutar um fenômeno ativo. E há uma relação entre tudo isto e a Teoria de Gaia. A teoria de Gaia, desenvolvida por James Lovellock e Lynn Margulis na década de 70, diz, entre outras coisas, que o universo é todo feito de interconexões, que todos os fenômenos estão ligados, que pertencemos a uma grande rede de conexões que forma a Terra, a Grande Mãe. A Terra é um ser orgânico, um organismo vivo, onde tudo depende de tudo, tudo está em constante ligação e troca. O moderno pensamento ecológico afirma a interdependência fundamental de todos os fenômenos.
Quando você destrói uma forma de vida, está acabando com as conexões entre esta forma e outras formas, está empobrecendo o universo. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos não como os senhores do universo, mas apenas como um fio muito particular na grande teia da vida. A rede "a teia tecida pelas aranhas, para dar um exemplo da natureza, ou a rede de pescar que os seres humanos inventaram " é, pois, a metáfora central da ecologia. A organização em redes seria assim a estrutura básica de cada sistema do universo. Desde uma simples célula até as complexas estruturas sociais, todas as redes obedecem à mesma lógica. Na grande rede universal não há uma hierarquia, pois nada é superior a nada.
Na natureza não há acima ou abaixo, na frente ou atrás. Há somente redes aninhadas dentro de outras redes menores. Tudo está ao mesmo tempo e se liga ao mesmo tempo com tudo. Isto é chamado também de pensamento ecológico, ou pensamento holístico. Não há mais uma dicotomia entre substância e forma, entre forma e fundo. Tudo é integrado, tudo é ao mesmo tempo. Tudo se relaciona com tudo. Tudo está organizado em sistemas cujas propriedades surgem das relações entre as partes. E o todo é mais do que a mera soma das partes, por causa das relações organizadoras que existem entre todas as coisas.
Para sobreviver, cada sistema vivo está em constante aprendizado, exposto a constantes fluxos de energia e matéria que afetam sua estrutura e seu ponto de estabilidade. Às vezes acontecem mudanças de tal ordem nos sistemas que causam rupturas, uma rearrumação geral, e em seguida se instaura espontaneamente uma nova ordem. Esta capacidade de se rearrumar que os sistemas possuem é que faz com que eles estejam vivos. Weiner Heinsenberg, um dos fundadores da teoria quântica, afirma: "O mundo aparece como um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se alternam ou se sobrepõem ou se combinam e, por meio disso, determinam a textura do todo. "
Heisenberg dizia também que esta mudança de enfoque que deixa de lado as partes para se preocupar com o todo é o aspecto central de uma revolução conceitual em toda a ciência moderna. Nós também somos parte da grande rede, do grande sistema do universo.
Segundo Norbert Wiener, um engenheiro que inventou a palavra cibernética, "somos apenas redemoinhos num rio de águas em fluxo incessante". Sobre comunicação já falamos um pouco. Agora vamos ao conhecimento. O conhecimento é mais do que informação, vai além dela. Em filosofia, o conhecimento acontece quando o pensamento se "apropria" do objeto, não no sentido de se apossar, mas no sentido de ter dele uma percepção clara, uma apreensão mais profunda.
Quando alguém conhece um objeto pode não só identificá-lo mas também refletir sobre ele. Segundo Ruben Bauer, o conhecimento é um recurso ilimitado, que aumenta com o uso. Se exponho a alguém o meu Conhecimento, não o perco; e esse alguém, ao combinar seu conhecimento prévio com aquilo que apreende a partir do que eu digo, chega a novas descobertas, o conhecimento se expande.
Buckminster Fuller, o grande propagador do conceito de sinergia, diz que o atual problema do esgotamento dos recursos naturais do Planeta encontra uma resposta na inesgotabilidade da criatividade e da inteligência humanas. Pode-se contrabalançar o esgotamento dos recursos naturais através de formas criativas de uso do próprio conhecimento, que façam com que se consuma o mínimo de recursos e se obtenha disto o máximo de resultados.
Ainda segundo Humberto Maturana, o verdadeiro conhecimento não leva ao controle ou à tentativa de controle, mas leva ao entendimento, à compreensão, e isto leva a uma ação harmônica e ajustada aos outros e ao meio. (obs:grifo meu) Para Maturama, conhecer é viver, viver é conhecer.
Ele afirma: "todo conhecer é uma ação efetiva que permite a um ser vivo continuar sua existência no mundo que ele mesmo traz à tona ao conhecê-lo."
Elias Fajardo: A cidade e o jardim - no link - http://www.youtube.com/watch?v=2AeImAEiOjs
Uma entrevista com o jornalista, escritor e artista plástico por ocasião do lançamento de sua exposição no Jardim Botãnico
sábado, 3 de abril de 2010
Ale luia
* virgínia além mar
vento seca as lágrimas das sarjetas
pouco fria é a noite de outono
o piar da coruja afasta som das beretas
a chuva da tarde devolveu ritmo ao dono
não há samba na vizinhança nem marretas
uma calma assola e embala o sono
as mãos de anjos entregues estão as caretas
sábado santo de aleluia é plano
madrugada alta acorda luar
o piar da coruja cessou
ouve-se ao longe canção de ninar
pirilampo dançou
uma estrela apareceu
e um cristão ajoelhou-se e rezou ...