Caminhar é um ato solitário. O caminhante tem sede por exploração. Durante o seu percurso em terras desconhecidas, ele é acompanhado por sensações que lhe fazem cantar, interiormente, músicas imaginadas e inventadas, e que são cada vez mais intensas quando o seu corpo exprime um novo ritmo alcançado. Ele percebe que durante a experiência de caminhar sem um rumo definido, a sua memória é convocada para dançar junto com o seu corpo. Não, a solidão do caminhante não é uma covardia, como provavelmente muitos podem imaginar. Trata-se, na verdade, de uma permissão para que a sua solidão seja povoada por imagens, ritmos, afetos, memórias e percepções, que parecem exalar de alguém que, gradualmente, abandona uma desarmonia de movimentos que condicionavam o seu corpo para, somente assim, conquistar a liberdade de criar novos movimentos. Podemos dizer que o caminhante é inevitavelmente um amante do conhecimento. Em razão disso, ele recorre à escrita para expressar os seus pensamentos que já nasceram caminhando. Afinal de contas, o caminhante-escritor sabe que o sentido mais elevado da escrita é o de mudar a vida de quem lê os seus escritos. E, além disso, ele também sabe que a leitura, por ser um ato solitário, necessita de uma escrita honesta, isto é, uma escrita que ajude o leitor a amar a sua própria solidão.
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